UM OÁSIS VERDE SOB AMEAÇA
São Paulo corre o risco de perder um verdadeiro oásis verde em área urbana. Para tentar evitar que isso ocorra, cerca de 150 pessoas se reuniram no último domingo, 27, no Instituto Butantan, em protesto contra o projeto da Fundação Butantan que prevê a derrubada de 6.629 árvores a fim de implantar um grande complexo industrial para a produção de vacinas.
Os manifestantes deixam claro que são totalmente favoráveis à produção de vacinas, mas consideram que a construção desse complexo deveria ocorrer em local adequado, sem comprometer uma APP (área de preservação permanente) e uma mata protegida e imune de corte (Dec Est SP 30.433/89).
A continuidade desse projeto (com duração prevista até 2054) no Instituto resultará na supressão de áreas significativas de Mata Atlântica, desrespeitando tombamentos históricos e pondo em risco a biodiversidade e a qualidade de vida na região, que já está sendo afetada pelo ruído constante de máquinas proveniente do novo biotério.
Além disso, a expansão prevê a construção de prédios de até 48 metros de altura, ultrapassando o gabarito permitido na região, que é de 25 metros. Essas obras têm um efeito negativo sobre o patrimônio histórico e a paisagem urbana, além de aumentar os riscos biológicos em uma área residencial e universitária, com grande circulação de pessoas.
Num momento em que vivenciamos uma crise climática, cujas consequências não podemos mensurar por completo, obras como essa (e outras, como Nova Raposo, metrô Chácara do Jockey e Sena Madureira — esta felizmente embargada) não fazem o menor sentido. Uma cidade que não comporta chuvas um pouco mais intensas não pode seguir erguendo um espigão de concreto a cada esquina e acabar com o pouco verde que resta, tornando-se cada vez mais impermeável.
A ampliação da capacidade de produção de vacinas pelo Instituto Butantan é muito importante para o Brasil como um todo. No entanto, essa expansão deve se dar em local apropriado, sem a necessidade de destruir um verdadeiro tesouro verde, cada vez mais valioso.
É imprescindível que se tenha responsabilidade e compromisso com o futuro. Ou não haverá futuro, somos a última geração que ainda pode fazer algo!